6 de maio de 2011

Viagem para Cândido Portinari

“Portinari não é só o maior pintor brasileiro de todos os tempos: é o exemplo único em todas as nossas artes da força do povo dominada pela disciplina do artista completo pela ciência e pelo instinto infalível do belo.
   
Diante destes choros, destes cavalos-marinhos, que falam ao mais profundo de minha alma de brasileiro, me sinto em estado de absoluta inibição crítica. Tudo que posso fazer é admirar.”
Palavras de Manuel Bandeira, ilustre poeta, que exprimem brilhantemente, o que Portinari representa no cenário artístico brasileiro.

Seu nome completo era Cândido Torquato Portinari. Nasceu numa fazenda de café, próximo à ainda hoje pequena, cidade de Brodowski, interior do estado de São Paulo, em 29 de dezembro de 1903. Seus pais, humildes imigrantes italianos da Toscana, que trabalhavam como lavradores, tiveram doze filhos.
Portinari não chegou a concluir o ensino primário, mas aos onze anos de idade, faria sua primeira gravura, em carvão, retratando a imagem do compositor Carlos Gomes. Três anos mais tarde, foi contratado por uma equipe de pintores italianos, como ajudante, para restaurar igrejas nos arredores de Brodowski.
Aos 15 anos, parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola nacional de Belas Artes, destacando-se dentre os outros alunos, chamando a atenção tanto de professores como da imprensa.
Em 1929, ganha como prêmio do Salão Nacional de Belas Artes, uma bolsa de estudos em Paris e dois anos depois, retorna ao Brasil, casado com Maria Victoria Martinelli.
Daí em diante, torna-se o famoso pintor do qual o Brasil tanto se orgulha. Faz inúmeras exposições mundo afora e arrebata incontáveis prêmios.
Brodowski é uma simpática e pequenina cidade situada próximo a Ribeirão Preto - SP e tem esse nome, graças ao engenheiro polonês, Alexandre Brodowski, que em 1894 era o inspetor geral da Companhia Mogiana de estradas de ferro, que construíra um armazém onde hoje, situa-se o município. Saindo da rodovia Anhanguera, segue-se pela SP 334 que leva o nome do nosso homenageado desta edição, Rodovia Cândido Portinari.
No centro da cidade, tenho que deixar estacionada a Varadero e seguir a pé até o Museu Casa de Portinari, pois a rua se tornou calçadão e é proibida a circulação de automóveis e motos. Para fazer a tradicional foto em frente a casa, tive que empurrar a moto, desligada até o local.
O Museu, outrora a casa onde residiu o famoso pintor, constitui o marco concreto não só do vínculo de Portinari com sua terra natal, mas principalmente de sua permanente vivência em Brodowski e de sua infância na cidade, por ele perpetuadas em sua obra plástica e poética. Portinari fez de sua vida e carreira uma intensa e ininterrupta declaração de amor às suas origens e raízes.
Seu acervo artístico constitui-se, principalmente, por trabalhos realizados pelo artista em pintura mural, ou seja, as pinturas têm por suporte as paredes da casa, que sua mãe gentilmente consentia seu filho a exercer suas técnicas de afresco e têmpera.
A técnica do afresco é bem pouco difundida no Brasil, consiste em pintar sobre uma parede preparada com argamassa úmida, usando pigmento misturado somente com água, o cimento absorve a mistura de água com tinta que seca juntamente com o mesmo. Quanto à têmpera, esta técnica utiliza como tinta uma mistura de água, substâncias oleosas, ovo (principalmente a gema) e pigmento em pó, o ovo funciona como aglutinante; constitui um desafio ao artista, por causa da rápida secagem.
Também faz parte do acervo uma coleção de desenhos feitos por Portinari, linguagem expressiva e significativa na produção do artista, presente em todos os momentos de sua carreira.
Estar dentro da casa onde Portinari viveu, nos dá uma sensação de regresso ao passado, principalmente quando, em frente de um imenso painel, com toda sua família reunida, um facho de luz direcionado à sua mãe, Dona .....se escuta sua pretensa voz Sou a Dona ....Vim da Itália, mecasei com fulano e tive doze filhos e os apresenta um a um até a vez do Candinho. Neste momento ele também inicia sua fala e no final emocionante diz: “Se eu não tivesse sido pintor, queria ser pintor”.
O museu abriga ainda objetos de uso pessoal, mobiliário e utensílios utilizados na residência pela família, sendo que alguns cômodos permanecem com suas funções originais e outros foram adaptados para salas de exposições. No conjunto, destacam-se o ateliê do artista, com seus objetos de trabalho, e a “Capela da Nonna”, que Portinari pintou para sua avó que estava doente, e, portanto, impossibilitada de ir até a igreja para assistir a missa e orar. Nela, pinturas de santos e santas, apresentam rostos de seus familiares e amigos. Interessante salientar que, o próprio “Menino Jesus” tem o rosto de seu único filho, João Cândido.
A Casa de Portinari, além de residência do pintor na sua terra natal, sempre foi o seu refúgio sagrado, para onde ele ia, em busca de inspiração. Em sua casa, Candinho, como era chamado em casa, renovava suas forças. Sob o céu estrelado das noites de Brodowski, o seu chão de terra roxa, os seus cafezais e suas paisagens, repleta de tons e nuances que inspiravam a sua inconfundível paleta, onde o artista era livre e sua imaginação podia voar como as pipas eternizadas em suas telas.
Com a informação de que o maior conjunto de obras do pintor fica numa igreja, na cidade de Batatais, nossa equipe, para lá, também se dirigiu. Era uma segunda feira, dia que a Igreja não está aberta para visitação. Porém, Mara Zapolla, funcionária do Museu e que nos ciceroneou em nossa visita, gentilmente telefonou para o Padre da Paróquia Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais e ele consentiu nossa entrada.
Foi uma experiência gratificante, poder desfrutar das telas de Portinari, somente para nós. Igreja fechada, nenhum outro fiel ou turista a estorvar a vista e aquele silêncio distinto, que só uma igreja nos proporciona.
 
 
Cândido ficou conhecido por representar as agruras do homem brasileiro, com especial ênfase ao universo do café.
Foram pelo menos 5.000 obras, entre afrescos, óleos e desenhos. Algumas das mais famosas são “Café”, exposta no Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), “O Lavrador de Café” e “Os Retirantes”, ambas no Museu de Arte de São Paulo (Masp), e o painel “Guerra e Paz”, criado para a sede da ONU em Nova York (EUA). Este último, com 14 metros de altura por 10 de largura, foi concluído em 5 de janeiro de 1956. Porém, ninguém havia visto ainda os painéis em sua plenitude, nem mesmo o próprio artista. Foi então que começou um movimento de opinião pública, e um grupo de artistas e intelectuais apelou ao Itamaraty para que os painéis fossem expostos no Brasil antes do embarque para os EUA, para que fosse dada uma chance ao público brasileiro de vê-los, pela primeira e derradeira vez.

Assim, os painéis de Guerra e Paz foram montados lado a lado ao fundo do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Muito bem iluminados, e com o teatro praticamente às escuras, ficaram impressionantes. Em fevereiro de 1956, os painéis foram solenemente inaugurados pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek. Portinari estava assistindo ao maior triunfo da sua vida. Grupos de estudantes, operários, moças, velhos, pessoas vestidas simplesmente, uma grande massa que se renovava continuamente, durante todo o dia e pela noite a dentro, lotou o Municipal nos poucos dias de exposição. Todos os jornais deram amplo espaço ao acontecimento. A Imprensa Popular abriu a manchete: “O povo lotou o Municipal para ver os painéis de Portinari”. Todavia, nem Cândido, nem o nosso grande Presidente Juscelino Kubitschek puderam contemplar a obra, no local para a qual foi idealizada. O Governo americano negou o visto de ingresso de ambos por considerá-los “comunistas”. Coisas do Tio San.
Mesmo contrariando as ordens médicas, continuou a presentear a arte brasileira com suas geniais pinceladas até o fim de sua vida. O artista faleceu em 1962, intoxicado pelo chumbo das tintas que usava para pintar.

Por: Raphael Karan

28 de abril de 2011

Possível protótipo da KTM Duke 690 é flagrado

Inspirada na Duke 125, modelo deve chegar no próximo ano

KTM Duke 690 2012 - possível protótipo
A austríaca KTM não para de alimentar nossos desejos. Quando a marca começou a produzir motos para o asfalto, já se esperava que suas criações seguissem a receita aplicada em seus modelos off- road, ou seja, equipadas com o que há de melhor em equipamentos. A esperada Duke 125 mal começou a ser vendida, e já se especulam algumas variações do modelo, com cilindradas que vão desde 200 cm³ (como noticiamos modelo especifico para o Brasil). Outras informações indicam que será criada uma Duke 350, com o estupendo motor da 350 SX-F. Agora foi flagrada na Áustria, em um posto de combustível próximo a fabrica de Matthingofen, o protótipo da Duke 690, bem diferente da versão atual.
KTM 690 Duke
Pela foto, nota-se que toda ciclística será baseada na irmã menor, bem diferente da atual, que deriva da 690 Enduro e SMC (motard). Como a  motocicleta já está em teste dinâmico, e pouco cuidado foi tomado para que a novidade não fosse flagrada. Tudo indica que em breve a novidade chegará ao mercado, podendo até ser apresentada antes do Salão de Milão, EICMA, que abrirá seus portões a partir de 8 de novembro. Vamos torcer para que no futuro, toda família Duke também esteja disponível no Brasil. Acompanhem na galeria de fotos, as diferenças entre o modelo atual e a nova versão que será lançada, além da versão de base, a 690 Enduro e SMC.

Fonte: Motociclismo Online: www.motociclismo.com.br