6 de abril de 2011

RAPHAEL KARAN - MONTEIRO LOBATO - pt3

Monumento em homenagem  a Monteiro Lobato
Retornando ao Brasil em 1930, fez conferências, enviava cartas, conscientizando o país inteiro da importância do petróleo. Dá irrestrito apoio a candidatura de Júlio Prestes ao governo de São Paulo, que prometia prospectar petróleo em solo paulista. Mas com a deposição de Washington Luís e o impedimento da posse de Júlio Prestes, começa a antipatia de Lobato pelo ditador Getúlio Vargas e com isso, seu melancólico fim.
Ao remeter uma carta ao Presidente Vargas na qual denunciava o interesse estrangeiro em negar a existência de petóroleo no Brasil, acabou detido no presídio Tiradentes. 
Voltaria a ser preso novamente pelo mesmo motivo em 1941. Sua obceção pelo petróleo acabaria por deixá-lo pobre, doente e desgostoso.
Progressista genuino, Lobato escreveu certa vez a respeito daqueles que são contrários às coisas novas a seguinte frase: “O grande erro dessa casta de homens é confundir corrupção com evolução. Condenam as formas novas de vida, que se vão determinando em conseqüência do natural progresso humano, em nome das formas revelhas. Logicamente, para eles, o homem é a corrupção do macaco; o automóvel é a corrupção do carro de boi; o telefone é a corrupção do moço de recados”.
A imensa jaqueira de 160 anos no sítio do pica-pau amarelo
Desiludido com os adultos dedicou seus últimos anos às crianças. Monteiro Lobato morreu, vitimado por um derrame, às 4 horas da madrugada do dia 4 de julho de 1948, deixando um legado de personagens que ficarão para sempre impregnados nas retinas de todos aqueles que tiveram e que terão contato com as histórias do Jeca Tatu, do Saci, da Cuca, da boneca Emília, do Visconde de Sabugosa, da Narizinho, do Pedrinho, da Tia Nastácia, da Dona Benta, entre outros tantos que habitam as obras deste que foi o maior escritor infanto-juvenil que este país já teve.


Nossa equipe foi a Taubaté, cidade natal de Monteiro Lobato, exatamente na fazenda onde nasceu, hoje chamado de Sítio do Pica-Pau Amarelo e para nossa surpresa, encontramos na casa sede, que hoje abriga o Museu Histórico e Pedagógico Monteiro Lobato, ainda em pé e preservada, vários personágens de suas estórias. Dona Benta, Tia Anastácia, Narizinho, Pedrinho, o Visconde, Emília e até Marquês de Rabicó. Na parte posterior da casa, o chão de barro ainda é o original, provavelmente feito por escravos.
Uma imensa jaqueira de 160 anos, ao lado da casa, tem mais de 60 toneladas e sua copa mais de 30 metros de diâmetro.
Estrada de Caçapava a Taubaté
Na biblioteca do sítio, além de livros tem também brinquedos pedagógicos e monitores acompanham e instruem as crianças e também os adultos em sua visita.
De lá seguimos para a cidade de Monteiro Lobato, via São José dos Campos com o objetivo de conhecer a Fazenda Buquira, a qual Lobato visitava na infância quando pertencia a seu avô, o Visconde de Tremembé, e onde Lobato viu a geada, conheceu o caipira caboclo, e teve inspiração para seus personagens e paisagens de seus livros, como a pequena cachoeira que inspirou o Reino das Águas Claras. A casa-sede da fazenda ainda se encontra em seu estado original, situada à margem da chamada “Estrada do Livro”, que liga a cidade de Monteiro Lobato à Caçapava.
A casa posui 19 cômodos, todos muito bem preservados e decorados. O piso intercalado de madeira clara e escura, dá um aspecto nobre aos ambientes. O teto das salas, são delicadamente adornados com formas retilíneas e simétricas. Curioso é que há apenas um banheiro para servir todo o casarão. A verdade é que nem banheiro era, mas sim uma sala de banho. Na época de sua construção, não havia banheiros dentro das casas e os dejetos eram levados para fora, por serviçais.
A poucos metros, atrás da casa podem ser vistos vacas, porcos, perus, galinhas d´angóla.
Mas foi o retorno para a cidade de Caçapava, que nos surpreendeu. A Estrada do Livro, muito estreita e sinuosa, cruza por uma pequena serra com uma vista deslumbrante e quase não há trafego ou seja, diversão total.